Tópico
Revolução
Técnica Científica
(Recorte do Roteiro de Atividades - CRV)
Observação: Ao final, há um glossário para
melhor nortear o seu trabalho com os alunos.
Antes de realizar a
sequência de atividade proposta para este Roteiro de Atividade vá à Orientação
Pedagógica referente a este tópico. Nela, você professor/a, pode refletir sobre
as inovações da Terceira Revolução Industrial. Das reflexões e sugestões
propostas estamos organizando uma sequência didática com roteiro para o aluno,
considerando que a atividade diagnóstica corresponde ao primeiro momento.
Segundo momento
Leitura de texto – Texto 1
O MEIO
TÉCNICO-CIENTÍFICO E A INFORMAÇÃO
Uma das realidades mais
extraordinárias do mundo atual é a velocidade com que são transmitidas
informações entre diferentes lugares, quer estejam próximos quer distantes,
fazendo deles lugares mundiais. A comunicação e a circulação de informações -
dados, ideias ou decisões - ocorrem instantaneamente, no chamado tempo zero.
Isso sem falar que essas informações podem chegar, ao mesmo tempo, em vários
lugares. Velocidade, instantaneidade e simultaneidade são características do
que chamamos de meio técnico-científico informacional.
Para Milton Santos, a
ciência, a tecnologia e a informação, hoje, são a base técnica da vida social,
ou, em outras palavras, o meio técnico-científico informacional é um meio
geográfico no qual o território inclui obrigatoriamente ciência, tecnologia e
informação.
Nas últimas décadas, a
revolução Tecnocientífica em curso se deu destacadamente no campo da
microeletrônica e das telecomunicações, e ocorreu juntamente com a
reestruturação da produção e do trabalho no sistema capitalista, da economia
internacional e dos territórios. A alta tecnologia permitiu a crescente
internacionalização da economia e a interpenetração das economias nacionais, ou
seja, a interpenetração do capital, do trabalho, dos mercados e dos processos
de produção baseados na informação. E, com isso, países e nações deixam de ser
unidades econômicas de nossa realidade histórica.
A economia capitalista,
dominante no mundo, estimula a competição econômica e força as empresas -
principalmente as de grande porte - a buscarem a eficácia, gerando com isso uma
sucessiva revolução do trabalho, da técnica e dos produtos. Sistemas cada vez
mais aperfeiçoados de comunicação e de fluxos de informações, junto com técnicas
mais racionais de distribuição, tais como empacotamento, controle de estoques e
conteinerização, permitem a aceleração das atividades e da circulação de
mercadorias. Bancos eletrônicos e dinheiro "de plástico" são
inovações que agilizam os fluxos de dinheiro e permitem a aceleração dos
negócios nos mercados financeiros e de serviços, tanto nacionais como
internacionais.
A economia de mercado
sempre buscou a redução das distâncias porque isso significaria redução do
tempo de produção, de circulação e de consumo de mercadorias e, consequentemente,
redução dos custos, pois, no sistema capitalista de produção, tempo é dinheiro.
Grandes avanços foram feitos nesse sentido, ao longo do século XIX e na
primeira metade do século XX. Foi isso que aconteceu quando surgiram as
estradas de ferro, o cabo submarino, o telégrafo sem fio, o automóvel, o
telefone, o rádio, o avião a jato e a televisão que, ao formarem redes técnicas
de circulação e comunicação, permitiram (cada um a seu tempo e
interligando-se aos demais) realizar integrações territoriais, quebrando as
barreiras físicas para o transporte e para a circulação de matérias-primas, de
bens produzidos, de pessoas, de ideias, de decisões e de capital. Mas nenhuma
dessas inovações comprimiu tanto o espaço, acelerando o processo de integração,
como as novas tecnologias da informação.
Hoje ocorre um aumento
significativo na densidade das redes de circulação e de comunicação. E essas
redes podem se superpor umas às outras, permitindo simultaneamente a aceleração
nos processos de integração produtiva, integração de mercados, integração
financeira, integração de informações. Mas, ao mesmo tempo e perversamente,
geram um processo de desintegração, pelo qual países e nações são excluídos das
vantagens propiciadas pela alta tecnologia da informática, como ocorre,
notadamente, com nações africanas.
No entanto, a exclusão
não se dá apenas em relação às nações mais pobres. Tal exclusão atinge também
milhões de trabalhadores nas economias de tecnologia mais avançada. Em países
desenvolvidos, máquinas inteligentes estão substituindo trabalhadores de
escritórios e operários que, a cada dia, engrossam as filas dos desempregados.
Podemos então deduzir
que a tecnologia é um fator importante, mas ela, por si só, não explica a História
dos homens” Geografia. Telecurso 2000,volume 2, Fundação Roberto
Marinho.SP:Globo, 2000, p.56-57.http://www.geocities.com/geo_mundi/geral8.htm
Em dupla, leiam e
discutam o texto. Registrem as observações e curiosidades no caderno para
discutir com os demais colegas:
Problematizem:
·
Os elementos do texto que se referem às
transformações da técnica no tempo. O que mudou? Qual o significado dessa
mudança no cotidiano das cidades e do campo? E na vida dos homens?
·
Sobre o significado que a
microeletrônica e as telecomunicações imprimiram à
economia e ao Estado Nação?
·
Sobre os produtos de alta tecnologia que fizeram
com que a rede do capital ( circulação/comunicação) rompesse as fronteiras dos
países. Quais produtos fazem parte do seu espaço de vivência?
·
As informações sobre a revolução técnico
científico-informacional, argumentando sobre as mudanças no mundo do trabalho.
Enfim,
·
Registrem a compreensão das noções de meio técnico,
meio técnico científico-informacional, rede do capital, fronteiras, integração
econômica.
Leitura: - Texto 2
A TERCEIRA REVOLUÇÃO
INDUSTRIAL
Hoje, um fantasma ronda
a vida dos trabalhadores: o desemprego. Para muitos estudiosos, trata-se de um
desemprego estrutural, isto é, causado pelas transformações que vêm ocorrendo
no padrão ou modelo de desenvolvimento produtivo e tecnológico que predomina
nos países capitalistas avançados. Essas transformações apresentam diferenças
nos países onde ocorrem mas, de qualquer forma, estão alterando a organização
do processo produtivo e do trabalho em todos eles e no resto do mundo também. E
tais mudanças afetam o conjunto do mundo do trabalho.
À primeira vista, os
robôs ou as novas tecnologias de produção parecem ser os únicos e mais cruéis
causadores desse desemprego. No entanto, existem outras razões de ordem
econômica, social, institucional e geopolítica que, associadas à tecnologia,
formam um conjunto que explica melhor aquilo que, para alguns analistas,
significaria até mesmo o fim de uma sociedade organizada com base no trabalho.
O sistema capitalista,
como todo sistema econômico, sofreu transformações ao longo de sua história. As
mudanças podem ser profundas, acumular tensões sociais e graves problemas
econômicos, gerar crises, guerras e revoluções políticas, mas o sistema
permanece basicamente o mesmo, isto é, trata-se de um sistema produtor de
mercadorias cuja venda tem por objetivo o lucro. Por isso o chamamos,
indistintamente, de economia de mercado ou economia capitalista.
No entanto, para que as
empresas capitalistas produzam mais e mais mercadorias - com maior eficiência e
melhores níveis de produtividade, ganhando em competitividade em relação a
outras empresas, e sempre que possível obtendo lucros crescentes - elas
precisam criar e aplicar novas técnicas e novas formas de organização da
produção e do trabalho, dividir funções com outras empresas, negociar salários,
estipular taxas de lucros etc.
Mas o capitalismo não se
restringe apenas às unidades empresariais e suas dinâmicas internas. Na
sociedade como um todo, existem outros componentes extremamente importantes que
precisam ser levados em consideração, pois interferem na vida das próprias
empresas. Tais componentes podem ser as formas institucionalizadas, como as
regras do mercado, a legislação social, a moeda, as redes financeiras, em
grande parte estabelecidas pelo Estado, ou ainda, as disputas pelo poder das
nações, o comércio internacional, a renda e o consumo de cada família, a
qualidade dos recursos humanos, as convenções coletivas, as ideias produzidas
etc.
Quando esse conjunto de
elementos, e muitos outros, é razoavelmente ajustado e aceito pela sociedade
(não se trata de um consenso pleno, pois sempre haverá oposições e tensões),
estamos diante de um modelo de desenvolvimento capitalista dominante, com uma organização
territorial correspondente. E esse modelo permanece até que uma nova crise
ocorra e novos rearranjos sejam feitos na sociedade e no espaço.
Após a crise de 1929, o
modelo de desenvolvimento que aos poucos passou a dominar nos países de
tecnologia avançada - Estados Unidos, Japão e em boa parte da Europa -,
mantidas suas especificidades, levou o nome de fordismo, pois nesse modelo
foram incluídas formas de produção e de trabalho postas em prática
pioneiramente nos Estados Unidos, nas décadas de 1910 e 1920, nas fábricas de
automóveis do empresário norte-americano Henry Ford.
O fordismo teve seu
ápice no período posterior à Segunda Guerra Mundial, nas décadas de 1950 e
1960, que ficou conhecido na história do capitalismo como Os Anos Dourados.
A crise sofrida pelos
Estados Unidos na década de 1970 foi considerada uma crise do próprio modelo,
que apresentava queda da produtividade e das margens de lucros. A partir da
década de 1980, esboçou-se nos países industrializados um novo padrão de
desenvolvimento denominado pós-fordismo ou modelo flexível.
Para compreender as
tendências do novo modelo flexível, baseado na tecnologia da informação, que
vem ameaçando os empregos, é necessário levantar, ainda que de forma
simplificada, algumas características do fordismo e algumas razões que levaram
ao seu esgotamento:
* Período -
Nos países de industrialização avançada, o fordismo surgiu a partir da crise de
1929, atingindo o auge de dominação nos anos 50 e 60.
* Avanços
tecnológicos - O fordismo contou inicialmente com os avanços
tecnológicos alcançados no final do século XIX, como a eletricidade e o motor à
explosão. Mais tarde incorporou os avanços da alta tecnologia desenvolvida
durante a Segunda Guerra Mundial e que posteriormente passou para o uso da
sociedade civil, a exemplo dos materiais sintéticos e do motor a jato. E,
finalmente, no pós-guerra, começou a usufruir dos avanços científicos
alcançados nas áreas da eletrônica e da tecnologia da informação.
* Organização da
produção - Nas grandes indústrias, longas esteiras rolantes levavam o
produto semiacabado até os operários, formando uma cadeia de montagem. A
produção dos diversos componentes era feita em série. O resultado foi uma
produção em massa que utilizava maquinaria cara; por isso, o tempo ocioso
deveria ser evitado a todo custo. Acumularam-se grandes estoques extras de
insumos e mantinha-se alto número de trabalhadores para que o fluxo de produção
não fosse desacelerado. Os milhares de produtos padronizados eram feitos para
mercados de massa. Os setores industriais mais destacados eram os de bens de
consumo duráveis (automóveis e eletroeletrônicos) e os de bens de produção
(destacadamente a petroquímica). Entre as décadas de 1940 e 1960 surgiu uma
interminável sequência de novos produtos, a exemplo de rádios portáteis
transistorizados, relógios digitais, calculadoras de bolso, equipamentos de
foto e vídeo.
* Organização do
trabalho - O trabalho passou a se organizar com base num método
racional, conhecido como taylorismo, que apresentava as seguintes
características:
·
Separava as funções de concepção (administração,
pesquisa e desenvolvimento, desenho etc.) das funções de execução;
·
Subdividiam ao máximo as atividades dos operários,
que podiam ser realizadas por trabalhadores com baixos níveis de qualificação,
mas especializados em tarefas simples, de gestos repetitivos;
·
Retinha as decisões nas mãos da gerência. Esse
"método americano" de trabalho seguia linhas hierárquicas rígidas,
com uma estrutura de comando partindo da alta direção e descendo até a fábrica.
Os operários perderam o controle do processo produtivo como um todo, e passaram
a ser controlados rigidamente por técnicos e administradores.
* Organização
dos trabalhadores - Houve crescimento e fortalecimento dos sindicatos.
Os contratos de trabalho começaram a ser assinados coletivamente. Os salários
eram ascendentes. E foram realizadas importantes conquistas de cunho social,
tais como garantias de emprego, salário-desemprego e aposentadoria.
* Mercado- Os
mercados de massa ficavam garantidos por causa do aumento da capacidade de
compra dos próprios trabalhadores. Embora ocorresse uma expansão dos mercados
internacionais, eram os mercados internos que garantiam o consumo da maior
parte da produção. Surgia a sociedade de consumo. Geladeiras, lavadoras de
roupa automáticas, telefone e até automóveis passaram a ser produtos de uso
comum. Serviços antes acessíveis a minorias, como no caso do setor de turismo,
transformaram-se em serviços de massa.
* Papel do Estado - Ocorreu a ampliação e a diversificação da
intervenção social e econômica do Estado, inspirada nos princípios da teoria
keynesiana e do Estado do bem-estar social. O Estado nacional de caráter
keyneisiano passou a interferir mais diretamente na economia, por meio, por
exemplo, dos gastos públicos, dos planos de desenvolvimento regional, da
criação de um número significativo de empregos no setor público e do
atendimento às garantias reivindicadas pelos trabalhadores, a exemplo da
garantia de emprego. E o Estado do bem-estar social desenvolveu políticas
destinadas a reduzir as desigualdades sociais, como as de transportes urbanos,
habitação, saneamento, urbanização, educação e saúde.
* Organização do
território - A organização da produção e do trabalho reorganizou o
espaço geográfico. O processo de urbanização acelerou-se. As unidades
produtivas atraíam umas às outras. Cresceram ainda mais as regiões industriais.
As cidades se transformaram em grandes manchas urbanas. Surgiram novos bairros
residenciais e distritos industriais com o apoio e incentivo estatais.
Cresceram a construção civil e a massa construída de casas e prédios, em grande
parte incentivadas por programas governamentais de hipotecas e empréstimos.
As metrópoles, com seus
centros de negócios e de decisões constituídos pelas sedes sociais das grandes
empresas, incorporaram os municípios vizinhos. Grandes regiões urbanizadas - as
megalópoles - se formaram entre duas ou mais metrópoles devido à polarização
que tais centros exerciam sobre as pequenas e médias cidades que se encontravam
ao seu redor. Intensos fluxos de pessoas e mercadorias integraram o conjunto
formado por essas cidades.
Em todas as cidades
intensificaram-se o comércio, os transportes, as comunicações e os serviços em
geral. As redes urbanas tornaram-se mais densas. Diversificaram-se as
atividades culturais e de lazer. Cresceram as universidades e centros de
pesquisa e tecnologia. Mais capitais e trabalhadores foram atraídos pelas
cidades. A geografia do fordismo foi a das grandes concentrações
urbano-industriais.
O modelo fordista, que
floresceu no pós-guerra, dependia da subida constante dos salários para manter
o mercado ativo, ou seja, manter os níveis de produção e de consumo crescentes.
Porém, os salários não podiam crescer a ponto de ameaçar os lucros empresariais;
mantiveram-se os níveis salariais e os lucros aumentando os preços dos
produtos, o que gerou uma crise inflacionária.
Nos Estados Unidos, os
gastos públicos se agigantaram, tanto interna como externamente - a guerra do
Vietnã foi um exemplo. A moeda americana ficou debilitada. Esse país, que
durante todo o período de domínio do fordismo assegurava a estabilidade da
economia mundial com base em sua moeda - o dólar -, viu esse sistema monetário
declinar. A competitividade da Europa e do Japão superavam a dos Estados
Unidos. Assistia-se a uma verdadeira guerra comercial, que nunca deixou de
crescer.
A partir da década de
1970, a saída foi investir num novo modelo que rompesse com aquilo que era
considerado a rigidez do modelo fordista. A ordem era flexibilizar, ou seja,
golpear a rigidez nos processos de produção, nas formas de ocupação da força de
trabalho, nas garantias trabalhistas e nos mercados de massa, então saturados.
As empresas
multinacionais, para restabelecer sua rentabilidade, expandiram espacialmente
sua produção por continentes inteiros. Surgiram novos países industrializados.
Os mercados externos cresceram mais que os mercados internos. O capitalismo
internacional reestruturou-se.
Os países de economia
avançada precisaram criar internamente condições de competitividade. A
saturação dos mercados acabou gerando uma produção diversificada para atender a
consumidores diferenciados. Os contratos de trabalho passaram a ser mais
flexíveis. Diminuiu o número de trabalhadores permanentes e cresceu o número de
trabalhadores temporários. Flexibilizaram-se os salários - cresceram as
desigualdades salariais, segundo a qualificação dos empregados e as
especificidades da empresa. Ampliou-se o desemprego.
Os compromissos do
Estado do bem-estar social foram sendo rompidos pouco a pouco. Eliminaram-se,
gradativamente, as regulamentações do Estado. (...)
A transformação do
modelo produtivo começou a se apoiar nas tecnologias que já vinham surgindo nas
décadas do pós-guerra (automação e robotização) e nos avanços das novas
tecnologias da informação. O método de produção americano foi substituído pelo
método japonês de produção enxuta, que combina máquinas cada vez mais
sofisticadas com uma nova engenharia gerencial e administrativa de produção - a
reengenharia, que elimina a organização hierarquizada. Agora, engenheiros de
projetos, programadores de computadores e operários interagem face a face,
compartilhando ideias e tomando decisões conjuntas.
O novo método, rotulado
por muitos como toyotismo, numa referência à empresa japonesa Toyota, utiliza
menos esforço humano, menos espaço físico, menos investimentos em ferramentas e
menos tempo de engenharia para desenvolver um novo produto. A empresa que
possui um inventário computadorizado, juntamente com melhores comunicações e
transportes mais rápidos, não precisa mais manter enormes estoques. É o
just in time.
O novo método permite
variar a produção de uma hora para outra, atendendo às constantes exigências de
mudança do mercado consumidor e das mudanças aceleradas nas formas e técnicas
de produção e de trabalho. A ordem é manter estoques mínimos, produzindo apenas
quando os clientes efetivam uma encomenda.
As grandes empresas
começaram a repassar para as pequenas e médias empresas subcontratadas um certo
número de atividades, tais como concepção de produtos, pesquisa e
desenvolvimento, produção de componentes, segurança, alimentação e limpeza.
Isso passou a ser conhecido como terceirização. Com ela, as grandes empresas
reduziram suas pesadas e onerosas rotinas burocráticas e suas despesas com
encargos sociais, concentrando-se naquilo que é estratégico para seu
funcionamento.
A produção flexível vem
transformando espaços e criando novas geografias, à medida que ocorrem
redistribuições dos investimentos de capital produtivo e especulativo e, consequentemente,
redistribuição espacial do trabalho. Numerosas empresas se transferiram das
tradicionais concentrações urbanas e regiões industriais congestionadas,
poluídas e sindicalizadas, para novas áreas nas quais a organização e o poder
de luta dos trabalhadores é pouco significativa. Surgiram novos complexos de
produção - os complexos científicos-produtivos -, ligados a universidades e
centros de pesquisa onde as inovações são constantes.
Um caso exemplar desses
complexos é o do Vale do Silício (Silicon Valley), na Califórnia, cujo modelo
se difundiu por vários países. Nesse complexo, a Universidade de Stanford,
juntamente com empresas do ramo da microeletrônica, criou um parque tecnológico
cuja fama cresceu com a produção de semicondutores e o uso do silício como
matéria-prima para sua fabricação. O Vale do Silício faz parte de uma área
maior em torno da baía de São Francisco onde se estabeleceram numerosas
indústrias de alta tecnologia.
Esses tecnopólos também
são encontrados no interior das tradicionais regiões industriais que vêm se
modernizando, a exemplo da região industrial de Frankfurt, na Alemanha, ou
ainda daquelas que procuram sair de uma situação de estagnação, como no caso da
região de Turim, na Itália, ou de Lyon, na França.
O sistema just in time
exige também uma reorganização do território. As firmas subcontratadas pelas
grandes empresas se aglomeram em torno da planta terminal de produção, criando
um novo tipo de aglomeração produtiva.
Esse é o caso da fábrica
da Volkswagen, instalada em Resende, no Estado do Rio de Janeiro, que vem
atraindo outras empresas que produzirão, no próprio terreno da fábrica da
Volkswagen, componentes utilizados na montagem de ônibus e caminhões.
Sem nenhuma dúvida,
vivemos hoje mudanças profundas que se refletem no mundo do trabalho. Para os
mais otimistas, a questão do desemprego tecnológico será resolvida pela própria
tecnologia avançada que estimulará o surgimento de novos setores produtivos e
de atividades humanas a eles ligados, exigindo, assim, novos trabalhadores.
Para outros, o sonho dos empresários de fábricas sem operários está prestes a
ser realizado.
Também nos setores
agrícolas e de serviços, as máquinas substituem o trabalho humano. Corporações
multinacionais fazem notar que estão cada vez mais competitivas, e ao mesmo
tempo anunciam demissões em massa. A questão que se coloca neste final de
século é a seguinte: para onde vão os trabalhadores? A resposta dependerá da
posição assumida pelas sociedades como um todo.
Leitura do texto.
Organizem-se em grupos
de 5 alunos e preparem as atividades para a apresentação
no coletivo.
·
Relacionem a leitura do texto 2 com a
leitura do texto 1. O texto 2 amplia os conceitos trabalhados no
texto 1? Explique.
·
Encontrem uma “possível resposta” para a pergunta
lançada no final do texto 2.
·
Localizem os países mencionados no
texto, em mapa-múndi selecionado no Atlas.
·
Recontem, em quadrinhos, o processo histórico de
reordenamento do território na 2ª e 3ª Revolução Industrial.
Atividade de casa:
·
Procurem poemas, letras de
músicas, ilustrações e propagandas que ilustrem os texto.
Atividade de sala:
·
Montagem de painel e,
posteriormente da mostra sobre Revolução Técnico Científico-informacional,
solicitando que os alunos tragam objetos que contem a história das técnicas
nas duas revoluções industriais.
Glossário:
Regionalizar: significa dividir o espaço em
regiões ou áreas que tenham características importantes em comum.
Regionalizar o mundo: São
critérios de agrupamento das nações em grandes regiões ou conjuntos regionais.
Região: O conceito de região, associado à
noção de diferenciação de área, vem perseguindo a história moderna do
pensamento geográfico ao lado da paisagem, espaço, lugar e território. O grande
debate em torno da região centrou-se na busca de um método que dessa
identidade à Geografia diferenciando-a das outras ciências. Sua primeira
abordagem foi o de região natural trabalhado pelos geógrafos físicos na
concepção de superfície terrestre identificada por uma combinação de
elementos da natureza traduzidos na paisagem natural. Por longo tempo, a
produção acadêmica e a sua transposição didática se nortearam nessa
concepção. A noção de região e de regionalização foi,
posteriormente, enriquecida pela de paisagem natural e paisagem
cultural: o sertão e o sertanejo, a Campanha gaúcha e o gaúcho, a
Amazônia e os povos da floresta, as regiões frias com os esquimós e as
desérticas com povos nômades. Essa noção permeou a regionalização
escolar ampliando a concepção de região natural demarcando os lugares de
identidade referenciados nos seus habitantes.
Regionalidade: ela se
evidencia como base territorial dos regionalismos, abrindo possibilidades de
discussão sobre as identidades regionais e movimentos políticos que tem, no
Nordeste brasileiro, um exemplo típico de regionalismos e política - a seca, o
sertanejo, o coronelismo, as bases políticas - ampliando o entendimento da
sociodiversidade, diferenças, semelhanças e identidade territorial expressas
nos localismos (Bexiga em são Paulo), nacionalismos (Leste Europeu/África),
separatismos (Triângulo Mineiro em MG), anexação/fragmentação (Alemanha,
Iugoslávia, URSS), recortes/partilhas (Palestina).
Regionalização: seria o
recorte metodológico para identificar a diferenciação ou a desigual
distribuição dos fenômenos no espaço, ou seja, a formação e transformação
de regiões desde a sua dissolução até o seu ressurgimento, num processo
constante de fragmentação e integração de territórios.
Região-território: quando se
passa a conviver com uma intensa globalização e fragmentação mas, que também se
vê fortalecida pelas reivindicações de identidades
regionais/territoriais/culturais representadas por organizações de grupo
e movimentos sociais que vão numa planetarização dos bascos aos
tibetanos, passando pelos sérvios, albaneses, curdos, palestinos, judeus,
hindus, sikkis, hutus, tutsis. Nesse movimento há um deslocamento constante de
migrações forçadas como as dos refugiados tibetanos, albaneses,
sérvios ou sazonais como a dos nordestinos redefinindo na
reterritorialização a rede regional. Ela se constitui numa rede de relações
de identidade político-cultural que vão da escala local de um bairro à
mundial de conflitos diversos.
Regionalismo: identificam as relações
socioculturais de um lugar apropriado simbolicamente por um
grupo (palestinos, hindus, judeus, curdos, bascos, albaneses). O que se
questiona é a crise do Estado-Nação. De espaço de referência identitária
político, econômico, cultural eles passam a revelar o crescente processo de
exclusão social trazendo a tona nacionalismos, regionalismos, identidades
étnico-religiosas redefinindo territórios.
Mercados: corresponde ao fluxo de
mercadorias, capitais especulativos, informações que circulam pelo mundo
através de empresas, transnacionais ou não. Os países que mais recebem
investimentos podem ser classificados em dois grupos: os desenvolvidos
liderados pelos EUA e os considerados em desenvolvimento ou emergentes,
encabeçados pela China.
Fonte: http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/index.aspx?ID_OBJETO=42782&tipo=ob&cp=3366ff&cb=&n1=&n2=Roteiros%20de%20Atividades&n3=Fundamental%20-%206%C2%BA%20ao%209%C2%BA&n4=Geografia&b=s