Tópico
Território
e territorialidade
(Recorte do Roteiro de Atividades - CRV)
Observação: Ao final, há um glossário para
melhor nortear o seu trabalho com os alunos.
Atividade 1 – Leitura de
texto e problematização:
Texto – As contradições no uso do território
A
sociedade demarca novas e antigas paisagens caracterizadas, pelo
desenraizamento e pela exclusão. Seus atores são os sem teto, os
refugiados, os camelôs, as gangues, as prostitutas, os doentes, os loucos, os
pivetes, os mafiosos, os criminosos, os ladrões, representando os
desterritorializados.
Esses
grupos que sobrevivem nas fronteiras da marginalidade e articulam-se com
os lugares, criam territorialidades clandestinas denominadas de
reterritorialização. Eles se espacializam nos guetos, na rua, nos becos,
nos asilos, nos hospitais, nos presídios, nos clubes, nas sarjetas, praças numa
relação conflitante com os outros usuários/incluídos no espaço.
A
mobilidade e a flexibilidade dos desterritorializados envolvem o espaço e o
tempo. O espaço diurno é preenchido pela movimentação do comércio, dos
serviços, dos transportes e pelos transeuntes na rotina cotidiana do trabalho e
das compras. O espaço noturno é ocupado por outros personagens que atuam na
prostituição, em gangues, na mendicância ou na busca do lazer
noturno em bares e cafés. Assim, o fenômeno da desterritorialização
possibilita a compreensão de novas territorialidades em processo de reterritorialização
do lugar.
A
paisagem excluída ganha visibilidade na desterritorialização dos acampamentos
dos Sem Terra, no Brasil, dos refugiados balcânicos na Itália, dos
desempregados africanos, na Espanha, nos acampamentos provisórios dos ruandeses
na Tanzânia; dos palestinos, no Líbano; de curdos na Lituânia; dos refugiados
sudaneses no Quênia.
1-Análise do texto:
Explicar o entendimento
de território e seu desdobramento em territorialidade, desterritorialidade e
reteritorialidade. Exemplificar.
2- Inferir da leitura do texto
a relação entre os excluídos na cidade e no campo.
3-Explicar como se dá a
exclusão na cidade. Quais as consequências dessa segregação no patrimônio
arquitetônico, no planejamento urbano e distribuição dos bens sociais
públicos.
Atividade 2- Atividade de
Problematização
·
Considerando a segregação que ocorre no
espaço urbano, questione por que os moradores empobrecidos das favelas e dos
bairros populares metropolitanos estão presentes mais frequentemente nas
associações comunitárias de base residencial e religiosa, ao mesmo tempo em que
apresentam baixa participação nos sindicatos, associações profissionais e nos
partidos políticos.
·
Buscar a resposta entrevistando membros
de Associações comunitárias dos bairros, sindicatos de trabalhadores, igrejas
católicas e evangélicas, Câmara de Vereadores.
·
Tratar os dados em sala de aula. Organizar
tabelas, quadros e gráficos. Interpretar o material organizado.
·
Avaliar o papel das Associações comunitárias e
o do Orçamento Participativo.
·
Organizar os dados no mural.
Atividade 3- Atividade de
Educação patrimonial e ambiental.
·
Selecionar um espaço da cidade ocupado
por mendigos, crianças de rua e caracterizado por abandono público que
foi revitalizada. Discutir o local com os alunos.
·
Apresentar exemplos pelo Brasil e o mundo onde
houve revitalização e os moradores de rua foram expulsos,
eliminando-se a violência e gerando outras relações produtivas no local. . EX:
Pelourinho (BA), centro histórico do Rio de Janeiro, SP, BH, Recife e outros.
·
Apresentar consultas em sites que revelam
grupos de pessoas que se uniram em trabalhos comunitários em
favelas resgatando o ambiente e a cidadania.
·
Realçar exemplos como a Timbalada que emerge
de bairro pobre e passa a conhecimento nacional/internacional.
·
Grupo vocal-percussivo criado no bairro de
Candeal, em Salvador, no fim da década de 80, teve como mentor, diretor,
organizador e divulgador o músico Carlinhos Brown. Caracterizado pela batida
dos timbales (tambores de madeira e fibra sintética, antes restritos aos
terreiros de candomblé), o grupo criou um ritmo diferente, com acentuada
influência africana. O lado estético é também muito marcado, e os timbaleiros,
como são chamados seus integrantes, apresentam grande preocupação com o visual,
que inclui corpos pintados com motivos tribais. A Timbalada começou com
integrantes da banda Vai Quem Vem, e, além dos timbales, usava outros materiais
percussivos, como latas, baldes e panelas. Os primeiros ensaios ocorreram em
1989, logo chamando a atenção de turistas e da mídia. O primeiro disco,
"Timbalada", foi lançado em 1993, com sucessos como
"Beija-flor" e "Canto pro Mar". Em seguida vieram mais seis
álbuns, além de shows em todo o Brasil e no exterior. Além dos cinco vocalistas
(Ninha, Denny, Amanda Santiago, Juju Gomes e Akira Takakura), a Timbalada conta
com um grande grupo de percussionistas que se alterna nas apresentações.
·
Avaliar o papel das organizações comunitárias
no desenvolvimento da cidadania.
Atividade 4- Atividade de
trilha urbana
·
Planejar trilha urbana visando a “olhar” o
território no seu processo de exclusão
Planejamento:
·
Combinados sobre a saída, a data, o local, o
horário, o comportamento e a vivência local dos usuários.
·
Demarcar os pontos de observação.
·
Discutir o que observar:
ü
As possíveis desterritorialidades no espaço
visitado;
ü
As
revitalizações decorrentes das políticas patrimoniais.
ü
A
desorganização do espaço: trânsito, comércio ilegal, mendicância, outros.
ü
Os
sinais de violência e agressão ao arranjo urbano: pichações, equipamentos
urbanos destruídos.
·
Selecionar os grupos que vão mapear,
tomar fotos, entrevistar e observar o espaço de violência, o
trânsito desorganizado, o comércio ilegal, a mendicância, os Sem Teto.
·
Tratamento dos dados em sala de aula:
ü
Organização dos grupos para discutir,
selecionar, legendar, registrar, analisar e organizar a síntese do percurso
para a apresentação.
·
Problematizar:
ü
Os tipos de inclusão e exclusão/ Avaliar
a relação de uso do espaço urbano para os desterritorializados. O que
perdem ou ganham com a revitalização?
ü
O significado de área revitalizada e o reuso
do patrimônio.
·
Organização de postais com as fotos sobre a
área visitada, analisando a desterritorialidade X revitalização.
·
Avaliar as atividades realizadas
considerando as aprendizagens sobre o significado contextualizado de
território, desterritorialidade e reterritorialidade, no espaço de vivência.
·
Montar o mural com os postais criados, fotos,
textos, músicas, e outros materiais coletados. Divulgar a montagem na escola e
na comunidade.
Glossário:
Territorialidade:
Correlação de forças espacialmente delimitada e operando sobre uma área
geográfica específica. Constitui-se em diversas formas de apropriação do
território por grupos sociais que vão de vendedores ambulantes num determinado
espaço urbano a territórios de contravenção como o tráfico de drogas.
Fronteiras:
limite territorial de um Estado e do exercício do poder territorial. Na
representação simbólica do território pode estar significando as delimitações
espaciais da segregação/discriminação, das resistências, dos valores, das
identidades.
Desterritorializados:
trata-se grupos sociais ou indivíduos que se encontram marginalizados do
processo socioeconômico/cultural/político. Estão desenraizados no lugar em que
vivem, sem pátria, sem terra, sem casa. Isto não significa ausência de luta e
conquistas. Veja o exemplo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terras.
Reterritorializados:
são os grupos sociais ou indivíduos que tentam, lutam, buscam desesperadamente
conquistar e dominar um espaço/lugar onde possam recriar sua identidade. Isso
acontece quando se conquista um território ocorrendo a organização social,
econômica, cultural e política dos indivíduos ou grupos que exercem
seu domínio.
Fonte: http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/index.aspx?ID_OBJETO=42785&tipo=ob&cp=3366ff&cb=&n1=&n2=Roteiros%20de%20Atividades&n3=Fundamental%20-%206%C2%BA%20ao%209%C2%BA&n4=Geografia&b=s
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