quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Tópico 
Redes e Circulação
(Recorte do Roteiro de Atividades - CRV)

Observação: Ao final, há um glossário para melhor nortear o seu trabalho com os alunos.

Entre os temas  que retratam a globalização e mundialização, a rede e o território estão entre os que revelam maior polêmica e complexidade, devido à natureza dessa espacialidade. Essas redes podem ser técnicas e representar o capital por meio do desenvolvimento tecnológico. São as redes de circulação de pessoas (transportes), de mercadorias (transporte e comunicação) e de ideias (comunicação). Elas podem ser legais se seu fluxo respeita os códigos legais e morais entre os países. Elas, também, podem ser ilegais quando promovem a clandestinidade de circulação de ideias terroristas, de tráfico humano de órgãos, de crianças e de mulheres para a prostituição, de armamentos, da biopirataria e pirataria comercial em geral.  Essa discussão faz parte do cotidiano  da mídia e os alunos convivem  com ela na internet,  na escuta televisiva e na leitura de periódicos como jornais, revistas e no rádio; enfim, na rede da informação.
Para maior esclarecimento desse tópico leia a Orientação Pedagógica e suas orientações.

·         Propomos a leitura de um texto explicativo sobre as noções básicas de redes e circulação para ampliar e aprofundar esse conceito. Dê continuidade a esse estudo no tópico: Redes técnicas das telecomunicações, no eixo temático 3.

Atividade de leitura e interpretação do texto

Dê um título ao texto _________________________________________________________

Vivemos num mundo conectado em redes. Informações viajam virtual e instantaneamente de um canto a outro, produzindo reflexos quase imediatos em diferentes lugares do globo. Se uma empresa multinacional quebra num país emergente da Ásia, no mesmo dia, a Bolsa de Valores de São Paulo entra em crise econômica. A Guerra no Iraque foi toda planejada na rede virtual. Hoje podemos acompanhar as consequências  das guerras, da Tsunami, dos terremotos,  das enchentes, sentados numa poltrona confortável, em nossa casa. Somos consumidores de milhares de informações em rede mundial.
As mercadorias, por sua vez, são jogadas num circuito cada vez mais amplo de fluxo de comércio e serviços. As frutas de mesa colhidas em Pirapora, no interior mineiro, em curto tempo estão à venda nos supermercados europeus. O dinheiro transformou-se em cartão que se retira no sistema informatizado, online, em inúmeros países do mundo, por turísticas que consomem freneticamente. E as pessoas nunca viajaram tanto, como turistas. Outros para  trabalhar, estudar e, até mesmo, para se protegerem, como no caso dos refugiados de países em conflito.  Assim, o turismo tornou-se a primeira indústria mundial em volume de negócios e o número de trabalhadores sem nacionalidade cresce assustadoramente. O mundo move em redes, num fluxo constante de mercadorias, pessoas, dinheiro, informações.
O deslocamento sempre esteve presente na história humana. Os homens interagem  com outras culturas, levando e trazendo produtos; as leituras de Marco Polo nos ensinam que integrar culturas é fundamental para novas aprendizagens.  A diferença é que hoje tudo ocorre com muita velocidade e intensidade,  mudando a organização sociocultural e ambiental das paisagens. 

A rede dos  transportes encurtando as  distâncias
O processo de globalização exige o desenvolvimento de meios de transporte cada vez mais rápidos. Para isso é necessário construir estradas, aeroportos, hidrovias. É fundamental modernizar a frota de veículos pesados e leves, de navios de carga, de aviões  que atendam a intensidade  de circulação de mercadorias e pessoas. Essas estruturas de apoio, por sua vez, alteram profundamente toda a região à sua volta. Veja o caso da cidade de São Paulo. A pequena vila do século 16 só virou a maior metrópole brasileira porque ficava num ponto estratégico às margens da estrada de ferro que ligava as fazendas de café do interior ao porto de Santos. E, hoje,  os meios de transporte, mudaram a espacialidade de muitas cidades brasileiras que margeiam as vias rodoviárias. Isso traz grande impacto ambiental como o caso da BR-163, Cuiabá-Santarém que provocou a dizimação do povo indígena Panará, a migração desordenada, a grilagem de terras, o desmatamento, o aumento da criminalidade e o agravamento das condições sanitárias locais.
No processo de globalização os carros, caminhões e navios articulam um lugar com uma região, uma região com um país, um país com o continente e com o mundo. Por isso é importante discutir a circulação de pessoas e mercadorias,  refletindo as permanências e mudanças na história de um lugar,  em diferentes épocas. A história das ferrovias, no Brasil, contém essa memória e  vem sendo resgatada como patrimônio cultural de nosso país.
Hoje, as cidades grandes  e as metrópoles, convivem com os problemas dos congestionamentos, falta de infraestrutura viária que facilite o fluxo no trânsito e a poluição. Em 1970 havia no Brasil um carro para cada 38 pessoas. Em 2002, essa relação já era de um veículo para cada grupo de 10 habitantes, o que desencadeou a construção de túneis, pontes e avenidas nas grandes cidades. Até as residências foram obrigadas a se adaptar construindo as garagens. Em condomínios de luxo, é comum o número vagas na garagem ser maior do que o número de quartos. Essa mudança causa impacto no meio ambiente e na vida das pessoas.

A rede das comunicações
O planeta está plugado em rede e a grande revolução é a Internet. Ela tornou possível a transferência instantânea de dados entre qualquer parte do planeta. Vivemos num mundo  online; em tempo real, tudo acontece simultaneamente no tempo e no espaço. Esse fenômeno muda a relação das pessoas com os lugares e dos lugares entre si; altera os hábitos culturais,  muda  os costumes,  as relações sociais e econômicas. Renova empregos, gera desempregos e recria o chamado ciberespaço, o lugar passa a ser virtual,  o site ou sítio onde muitos jovens, adultos e velhos divertem, fazem compras, encontram amigos, estudam e se informam. A interação é simultânea e facilitada pelo ganho de tempo na pesquisa rápida sobre qualquer tipo de informação. As telecomunicações formam redes possibilitadoras de intercâmbios entre empresas, entre elas e pessoas, entre povos e suas ideologias determinando a reorganização do território, a transnacionalização de capitais, propiciando, dessa forma, o funcionamento da economia globalizada.
Uma série de novas tecnologias dentre elas as fibras óticas, barateou os custos  e popularizou o uso dos meios de comunicação como telefones digitais, fax, computador, outros.  A inventividade do homem permitiu o desenvolvimento das telecomunicações capazes de "reduzir" o tamanho do mundo.
A necessidade e o desejo de comunicar-se, de conhecer lugares, territórios, regiões transformaram o espaço e possibilitaram o desenvolvimento de processos que variam de dimensões em função do comércio, dos serviços e da indústria em seus movimentos de transformação. São processos que contêm um duplo movimento: de um lado, o de conectar pessoas, mercadorias e ideias e, de outro, o de excluir lugares e pessoas desse fluxo. Assim, as redes de transportes e comunicações foram modernizando-se e inserindo-se no contexto técnico-científico de cada época, aproximando/distanciando lugares e pessoas.  O acesso à modernidade não ocorre de forma democrática, porque o progresso tecnológico nunca é uniforme. Excluem-se pessoas que não  podem arcar com os custos ou não estão incluídas nessa cultura do instantâneo. Parcela significativa da população mundial,  não está conectada à Internet,  e são igualmente poucos os que podem viajar de avião, trem bala, ou mesmo,  deslocar-se no transporte urbano para o trabalho.
Dependendo da forma como são utilizados, os sistemas técnicos, também podem ser acionados na construção de redes que provocam conflitos e desorganização do território. São as movimentações ilegais de produtos, pessoas e ideias: o cartel do narcotráfico, as máfias e gangues de drogas e sequestros; o comércio de órgãos e pessoas, a lavagem de dinheiro “sujo” e o terrorismo internacional.
As redes envolvem, portanto, poder, comunicações, espaços e pessoas numa ordem e desordem espacial formal e informal, legal e ilegal.
No entanto, as redes podem ter outras intenções relacionadas com a solidariedade, a cooperação e a construção de outros modos de vida mais humanos, como as ações dos Médicos Sem Fronteiras, das ONG’s, dos grupos de Defesa dos Direitos Humanos que movimentam pessoas e lugares. Você conhece alguma ação de solidariedade? Participa?
Dessa forma são muitas as possibilidades de entendimento das redes legais e ilegais, formais e informais.
A palavra rede em seu sentido metafórico ganha na atualidade um novo significado porque a produção, o uso e o consumo de produtos e de serviços estão organizados em fluxos. Quer um exemplo? A Rede Mundial de Computadores – a Internet.
  
·         Procurar as palavras de significado desconhecido e fazer a releitura do texto para sua compreensão.

 Após a leitura atenta do texto, discuta em dupla e apresente no coletivo:
·         Como vocês  explicam a organização de um espaço em fluxos?

·         Identifiquem, diferenciem e registrem as ideias referentes a rede, rede de transporte, rede de comunicação, rede legal, rede ilegal, rede de solidariedade.

·         Elaborem um conceito de rede, que reflita as ideias do texto.

·         Tentem expressar a ideia de rede através de um desenho.

·         Como seria o mundo  sem a rede de transporte de mercadorias? Como seria o comércio de importação e exportação?  Sua cidade sobreviveria  sem esse intercâmbio comercial?

·         Os serviços e o comércio das metrópoles podem funcionar sem os meios de transporte e comunicação? Expliquem como eles funcionam.

·         As redes envolvem pessoas, mercadorias, ideias, poder, espaço, comunicação, transporte. Tecnologia. Escrevam  um parágrafo significativo sobre as redes usando esses conceitos.

·         Como avaliam, no processo de globalização, a circulação de pessoas, mercadorias,  informações,  no espaço organizado em redes? Houve mudança no tempo e no espaço? O mundo ficou melhor, mais humano e solidário? Registrem suas ideias.

Atividade individual

1- Organize um mapa conceitual do texto. Siga as instruções para a leitura e registro.
Conceito  principal _______________________________________________________________________

Ideias mais significativas _______________________________________________________________________
 A mudança nos meios de comunicação e transporte  no processo de globalização
________________________________________________________________________

O  papel das comunicações, transporte no mundo _______________________________________________________________________.

2- Construa uma temporalidade –(linha do tempo) com as grandes invenções do homem para superar as barreiras do tempo e do espaço nos transportes e comunicações. Pesquisem em livros didáticos.

Avaliação coletiva
Como  seriam as cidades com a democratização da rede digital e de  transportes?

Glossário:
Fibra ótica: tecnologia que revoluciona as transmissões por cabos, foi inventada na década de 70 e proporcionou um enorme impacto nas telecomunicações. No Brasil é produzida pela Telebrás, na cidade de Campinas-SP.  Feita de vidro e com a espessura de um fio de cabelo, a fibra ótica transporta sinais de vídeo e voz à velocidade da luz. Ela é uma das mais importantes invenções no campo das comunicações e sua capacidade de transporte de informações é praticamente ilimitada. Os limites, na verdade, são impostos pelos equipamentos eletrônicos aos quais os cabos se conectam. Hoje, com os equipamentos que se conhece, um cabo com 36 parede de fibra permitiria 1 milhão de telefonemas simultâneos. Fonte: Folha de S.Paulo – 1O. de agosto/95)

Redes telemáticas: São as conexões que articulam as telecomunicações com as novas tecnologias da informática. 

Inclusão digital: a Internet como direito de todos os cidadãos via as  políticas públicas de disseminação de recursos. O Brasil defende o uso de softwares livres.

Exclusão digital: um grande número de pessoas que não têm acesso à sociedade da informação: rádio, TV, jornais, revistas, computador, Internet. Tal exclusão prejudica sua formação e impede sua qualificação para trabalhos mais qualificados e de melhor remuneração.

Rede solidária: organização de pessoas  de várias identidades de formação e classe social  que se unem, visando a desenvolver relações mais cooperativas e humanitárias que contribuam para um mundo mais humano.

Terceiro setor:  envolve o Estado como primeiro setor, agrupando os organismos públicos; o mercado é o segundo setor, reunido as organizações empresariais e privadas; as entidades, instituições, associações, fundações constituem o terceiro setor que ajudam a preservar a cidadania, o  ambiente e segurança das pessoas viabilizando a justiça social e a qualidade de vida.

Transnacionalização de capital: capital sem lugar ou território, sem pátria. Isto acontece porque o dinheiro circula em  todo o mundo no fluxo de serviços e comércio sem ter uma nacionalidade.

Economia mundo: a empresa transnacional rompeu as fronteiras nacionais e estabeleceu  uma relação de interdependência econômica  com raízes muito profundas, inaugurando a denominada economia mundo que são milhares de corporações transnacionais atuando no mundo e controlando suas empresas subsidiárias. Corresponde aproximadamente 1/3 do comércio internacional.

Globalização: é o crescimento da interdependência de todos os povos  e países da superfície terrestre. Um dos seus aspectos mais importante é a expansão das indústrias multinacionais (bancos, indústrias, empresas de transporte ou comunicação) que passam a ter filiais em vários países do mundo.

Fonte: http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/index.aspx?ID_OBJETO=42775&tipo=ob&cp=3366ff&cb=&n1=&n2=Roteiros%20de%20Atividades&n3=Fundamental%20-%206%C2%BA%20ao%209%C2%BA&n4=Geografia&b=s





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