Tópico
Redes
e Circulação
(Recorte do Roteiro de Atividades - CRV)
Observação: Ao final, há um glossário para
melhor nortear o seu trabalho com os alunos.
Entre os temas que retratam a globalização e
mundialização, a rede e o território estão entre os que revelam maior
polêmica e complexidade, devido à natureza dessa espacialidade. Essas redes
podem ser técnicas e representar o capital por meio do desenvolvimento
tecnológico. São as redes de circulação de pessoas (transportes), de
mercadorias (transporte e comunicação) e de ideias (comunicação). Elas podem
ser legais se seu fluxo respeita os códigos legais e morais entre os países.
Elas, também, podem ser ilegais quando promovem a clandestinidade de circulação
de ideias terroristas, de tráfico humano de órgãos, de crianças e de mulheres
para a prostituição, de armamentos, da biopirataria e pirataria comercial em
geral. Essa discussão faz parte do cotidiano da mídia e os alunos
convivem com ela na internet, na escuta televisiva e na leitura de
periódicos como jornais, revistas e no rádio; enfim, na rede da informação.
Para maior esclarecimento desse tópico leia a
Orientação Pedagógica e suas orientações.
·
Propomos a leitura de um texto explicativo sobre as
noções básicas de redes e circulação para ampliar e aprofundar esse conceito.
Dê continuidade a esse estudo no tópico: Redes técnicas das telecomunicações,
no eixo temático 3.
Atividade de leitura
e interpretação do texto
Dê um título ao texto
_________________________________________________________
Vivemos num mundo conectado em redes. Informações
viajam virtual e instantaneamente de um canto a outro, produzindo reflexos
quase imediatos em diferentes lugares do globo. Se uma empresa multinacional
quebra num país emergente da Ásia, no mesmo dia, a Bolsa de Valores de São
Paulo entra em crise econômica. A Guerra no Iraque foi toda planejada na rede
virtual. Hoje podemos acompanhar as consequências das guerras, da
Tsunami, dos terremotos, das enchentes, sentados numa poltrona
confortável, em nossa casa. Somos consumidores de milhares de informações em
rede mundial.
As mercadorias, por sua vez, são jogadas num
circuito cada vez mais amplo de fluxo de comércio e serviços. As frutas de mesa
colhidas em Pirapora, no interior mineiro, em curto tempo estão à venda nos
supermercados europeus. O dinheiro transformou-se em cartão que se retira no
sistema informatizado, online, em inúmeros países do mundo, por turísticas que
consomem freneticamente. E as pessoas nunca viajaram tanto, como turistas.
Outros para trabalhar, estudar e, até mesmo, para se protegerem, como no
caso dos refugiados de países em conflito. Assim, o turismo tornou-se a
primeira indústria mundial em volume de negócios e o número de trabalhadores
sem nacionalidade cresce assustadoramente. O mundo move em redes, num fluxo
constante de mercadorias, pessoas, dinheiro, informações.
O deslocamento sempre esteve presente na história
humana. Os homens interagem com outras culturas, levando e trazendo
produtos; as leituras de Marco Polo nos ensinam que integrar culturas é
fundamental para novas aprendizagens. A diferença é que hoje tudo ocorre
com muita velocidade e intensidade, mudando a organização sociocultural e
ambiental das paisagens.
A rede dos transportes encurtando as
distâncias
O processo de globalização exige o desenvolvimento
de meios de transporte cada vez mais rápidos. Para isso é necessário construir
estradas, aeroportos, hidrovias. É fundamental modernizar a frota de veículos
pesados e leves, de navios de carga, de aviões que atendam a
intensidade de circulação de mercadorias e pessoas. Essas estruturas de
apoio, por sua vez, alteram profundamente toda a região à sua volta. Veja o
caso da cidade de São Paulo. A pequena vila do século 16 só virou a maior
metrópole brasileira porque ficava num ponto estratégico às margens da estrada
de ferro que ligava as fazendas de café do interior ao porto de Santos. E,
hoje, os meios de transporte, mudaram a espacialidade de muitas cidades
brasileiras que margeiam as vias rodoviárias. Isso traz grande impacto
ambiental como o caso da BR-163, Cuiabá-Santarém que provocou a dizimação do
povo indígena Panará, a migração desordenada, a grilagem de terras, o
desmatamento, o aumento da criminalidade e o agravamento das condições
sanitárias locais.
No processo de globalização os carros, caminhões e
navios articulam um lugar com uma região, uma região com um país, um país com o
continente e com o mundo. Por isso é importante discutir a circulação de
pessoas e mercadorias, refletindo as permanências e mudanças na história
de um lugar, em diferentes épocas. A história das ferrovias, no Brasil,
contém essa memória e vem sendo resgatada como patrimônio cultural de
nosso país.
Hoje, as cidades grandes e as metrópoles,
convivem com os problemas dos congestionamentos, falta de infraestrutura viária
que facilite o fluxo no trânsito e a poluição. Em 1970 havia no Brasil um carro
para cada 38 pessoas. Em 2002, essa relação já era de um veículo para cada
grupo de 10 habitantes, o que desencadeou a construção de túneis, pontes e
avenidas nas grandes cidades. Até as residências foram obrigadas a se adaptar
construindo as garagens. Em condomínios de luxo, é comum o número vagas na
garagem ser maior do que o número de quartos. Essa mudança causa impacto no meio
ambiente e na vida das pessoas.
A rede das comunicações
O planeta está plugado em rede e a grande revolução
é a Internet. Ela tornou possível a transferência instantânea de dados entre
qualquer parte do planeta. Vivemos num mundo online; em tempo real, tudo
acontece simultaneamente no tempo e no espaço. Esse fenômeno muda a relação das
pessoas com os lugares e dos lugares entre si; altera os hábitos
culturais, muda os costumes, as relações sociais e
econômicas. Renova empregos, gera desempregos e recria o chamado ciberespaço, o
lugar passa a ser virtual, o site ou sítio onde muitos jovens, adultos e
velhos divertem, fazem compras, encontram amigos, estudam e se informam. A
interação é simultânea e facilitada pelo ganho de tempo na pesquisa rápida sobre
qualquer tipo de informação. As telecomunicações formam redes possibilitadoras
de intercâmbios entre empresas, entre elas e pessoas, entre povos e suas
ideologias determinando a reorganização do território, a transnacionalização de
capitais, propiciando, dessa forma, o funcionamento da economia globalizada.
Uma série de novas tecnologias dentre elas as
fibras óticas, barateou os custos e popularizou o uso dos meios de
comunicação como telefones digitais, fax, computador, outros. A
inventividade do homem permitiu o desenvolvimento das telecomunicações capazes
de "reduzir" o tamanho do mundo.
A necessidade e o desejo de comunicar-se, de
conhecer lugares, territórios, regiões transformaram o espaço e possibilitaram
o desenvolvimento de processos que variam de dimensões em função do comércio,
dos serviços e da indústria em seus movimentos de transformação. São processos
que contêm um duplo movimento: de um lado, o de conectar pessoas, mercadorias e
ideias e, de outro, o de excluir lugares e pessoas desse fluxo. Assim, as redes
de transportes e comunicações foram modernizando-se e inserindo-se no contexto
técnico-científico de cada época, aproximando/distanciando lugares e
pessoas. O acesso à modernidade não ocorre de forma democrática, porque o
progresso tecnológico nunca é uniforme. Excluem-se pessoas que não podem
arcar com os custos ou não estão incluídas nessa cultura do instantâneo.
Parcela significativa da população mundial, não está conectada à
Internet, e são igualmente poucos os que podem viajar de avião, trem
bala, ou mesmo, deslocar-se no transporte urbano para o trabalho.
Dependendo da forma como são utilizados, os
sistemas técnicos, também podem ser acionados na construção de redes que
provocam conflitos e desorganização do território. São as movimentações ilegais
de produtos, pessoas e ideias: o cartel do narcotráfico, as máfias e gangues de
drogas e sequestros; o comércio de órgãos e pessoas, a lavagem de dinheiro
“sujo” e o terrorismo internacional.
As redes envolvem, portanto, poder, comunicações,
espaços e pessoas numa ordem e desordem espacial formal e informal, legal e
ilegal.
No entanto, as redes podem ter outras intenções
relacionadas com a solidariedade, a cooperação e a construção de outros modos
de vida mais humanos, como as ações dos Médicos Sem Fronteiras, das ONG’s, dos
grupos de Defesa dos Direitos Humanos que movimentam pessoas e lugares. Você
conhece alguma ação de solidariedade? Participa?
Dessa forma são muitas as possibilidades de
entendimento das redes legais e ilegais, formais e informais.
A palavra rede em seu sentido metafórico ganha na
atualidade um novo significado porque a produção, o uso e o consumo de produtos
e de serviços estão organizados em fluxos. Quer um exemplo? A Rede Mundial de
Computadores – a Internet.
·
Procurar as palavras de significado desconhecido e
fazer a releitura do texto para sua compreensão.
Após a leitura atenta do texto, discuta em dupla e apresente no coletivo:
·
Como vocês explicam a organização de um
espaço em fluxos?
·
Identifiquem, diferenciem e registrem as ideias
referentes a rede, rede de transporte, rede de comunicação, rede legal, rede
ilegal, rede de solidariedade.
·
Elaborem um conceito de rede, que reflita as ideias
do texto.
·
Tentem expressar a ideia de rede através de um
desenho.
·
Como seria o mundo sem a rede de transporte
de mercadorias? Como seria o comércio de importação e exportação? Sua
cidade sobreviveria sem esse intercâmbio comercial?
·
Os serviços e o comércio das metrópoles podem
funcionar sem os meios de transporte e comunicação? Expliquem como eles
funcionam.
·
As redes envolvem pessoas, mercadorias, ideias,
poder, espaço, comunicação, transporte. Tecnologia. Escrevam um parágrafo
significativo sobre as redes usando esses conceitos.
·
Como avaliam, no processo de globalização, a
circulação de pessoas, mercadorias, informações, no espaço
organizado em redes? Houve mudança no tempo e no espaço? O mundo ficou melhor,
mais humano e solidário? Registrem suas ideias.
Atividade individual
1- Organize um mapa
conceitual do texto. Siga as instruções para a leitura e registro.
Conceito principal
_______________________________________________________________________
Ideias mais significativas
_______________________________________________________________________
A mudança nos meios
de comunicação e transporte no processo de globalização
________________________________________________________________________
O papel das
comunicações, transporte no mundo _______________________________________________________________________.
2- Construa uma
temporalidade –(linha do tempo) com as grandes invenções do homem para superar
as barreiras do tempo e do espaço nos transportes e comunicações. Pesquisem em
livros didáticos.
Avaliação coletiva
Como seriam as
cidades com a democratização da rede digital e de transportes?
Glossário:
Fibra ótica: tecnologia que
revoluciona as transmissões por cabos, foi inventada na década de 70 e
proporcionou um enorme impacto nas telecomunicações. No Brasil é produzida pela
Telebrás, na cidade de Campinas-SP. Feita de vidro e com a espessura de
um fio de cabelo, a fibra ótica transporta sinais de vídeo e voz à velocidade
da luz. Ela é uma das mais importantes invenções no campo das comunicações e
sua capacidade de transporte de informações é praticamente ilimitada. Os
limites, na verdade, são impostos pelos equipamentos eletrônicos aos quais os
cabos se conectam. Hoje, com os equipamentos que se conhece, um cabo com 36
parede de fibra permitiria 1 milhão de telefonemas simultâneos. Fonte: Folha de
S.Paulo – 1O. de agosto/95)
Redes telemáticas: São as conexões que
articulam as telecomunicações com as novas tecnologias da informática.
Inclusão digital: a Internet como direito
de todos os cidadãos via as políticas públicas de disseminação de
recursos. O Brasil defende o uso de softwares livres.
Exclusão digital: um grande número de
pessoas que não têm acesso à sociedade da informação: rádio, TV, jornais,
revistas, computador, Internet. Tal exclusão prejudica sua formação e impede
sua qualificação para trabalhos mais qualificados e de melhor remuneração.
Rede solidária: organização de
pessoas de várias identidades de formação e classe social que se
unem, visando a desenvolver relações mais cooperativas e humanitárias que
contribuam para um mundo mais humano.
Terceiro setor: envolve o Estado
como primeiro setor, agrupando os organismos públicos; o mercado é o segundo
setor, reunido as organizações empresariais e privadas; as entidades,
instituições, associações, fundações constituem o terceiro setor que ajudam a
preservar a cidadania, o ambiente e segurança das pessoas viabilizando a
justiça social e a qualidade de vida.
Transnacionalização de
capital:
capital sem lugar ou território, sem pátria. Isto acontece porque o dinheiro
circula em todo o mundo no fluxo de serviços e comércio sem ter uma nacionalidade.
Economia mundo: a empresa transnacional
rompeu as fronteiras nacionais e estabeleceu uma relação de
interdependência econômica com raízes muito profundas, inaugurando a
denominada economia mundo que são milhares de corporações transnacionais
atuando no mundo e controlando suas empresas subsidiárias. Corresponde
aproximadamente 1/3 do comércio internacional.
Globalização: é o crescimento da
interdependência de todos os povos e países da superfície terrestre. Um
dos seus aspectos mais importante é a expansão das indústrias multinacionais
(bancos, indústrias, empresas de transporte ou comunicação) que passam a ter filiais
em vários países do mundo.
Fonte: http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/index.aspx?ID_OBJETO=42775&tipo=ob&cp=3366ff&cb=&n1=&n2=Roteiros%20de%20Atividades&n3=Fundamental%20-%206%C2%BA%20ao%209%C2%BA&n4=Geografia&b=s
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