País em
movimento
Introdução
No início do século XXI, o Brasil apresenta uma das populações mais numerosas do mundo, embora ainda com enormes vazios populacionais em seu território. Durante o século XX, a população nacional aumentou cerca de dez vezes, de 17,5 milhões de habitantes em 1900 para cerca de 186 milhões no início de 2008, segundo estimativas do IBGE. Ela se distribui desigualmente pelo território, com destaque para a densidade demográfica mais elevada na faixa litorânea (com certa heterogeneidade) e ocupação mais rarefeita em áreas interiores.
No início do século XXI, o Brasil apresenta uma das populações mais numerosas do mundo, embora ainda com enormes vazios populacionais em seu território. Durante o século XX, a população nacional aumentou cerca de dez vezes, de 17,5 milhões de habitantes em 1900 para cerca de 186 milhões no início de 2008, segundo estimativas do IBGE. Ela se distribui desigualmente pelo território, com destaque para a densidade demográfica mais elevada na faixa litorânea (com certa heterogeneidade) e ocupação mais rarefeita em áreas interiores.
Um
elemento importante é o fato de que somos hoje um país urbano: pouco mais de
80% da população brasileira vive hoje em cidades, ainda com peso acentuado das
grandes metrópoles. Isso reforça a transição demográfica que estamos vivendo:
uma franca redução nas taxas de natalidade e fecundidade e uma desaceleração no
ritmo do crescimento populacional.
O número de jovens ainda é expressivo, mas eleva-se o contingente de idosos - resultado da combinação entre a queda na mortalidade e o aumento da expectativa de vida.
O número de jovens ainda é expressivo, mas eleva-se o contingente de idosos - resultado da combinação entre a queda na mortalidade e o aumento da expectativa de vida.
Outro
componente fundamental da dinâmica demográfica é o movimento migratório, que
vem sofrendo algumas mudanças nos últimos anos: há uma reorientação dos fluxos
internos, em que os grandes movimentos de áreas rurais e regiões de menor
crescimento econômico para grandes centros urbanos (como no Sudeste, por
exemplo) vêm sendo substituídos por fluxos mais curtos e entre estados
vizinhos. Ocorre também uma migração de retorno de migrantes às suas áreas de
origem e migrações sazonais, em que, por exemplo, trabalhadores passam uma
parte do ano ganhando a vida em obras da construção civil e a outra parte em
roças de subsistência em sua região natal.
Vale
lembrar também que surge um expressivo movimento de emigração de brasileiros. Segundo
dado da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, estima-se que
cerca de três milhões de brasileiros estejam vivendo hoje em outros países, com
destaque, pela ordem, para EUA, Paraguai, Japão e, no caso da Europa, tendo
Portugal como principal destino.
Nesta
sequencia didática, os alunos terão a oportunidade de estudar um pouco mais
esse assunto, iniciando pela própria história de vida de sua família,
identificando deslocamentos e percursos e as principais causas que motivaram a
saída do lugar de origem.
Objetivos
a) Identificar os principais fluxos populacionais entre estados e regiões brasileiras e compreender suas causas.
a) Identificar os principais fluxos populacionais entre estados e regiões brasileiras e compreender suas causas.
b)
Elaborar, ler e interpretar gráficos sobre dinâmicas demográficas.
Conteúdos
Migrações - Dinâmica demográfica
Migrações - Dinâmica demográfica
Ano
5º e 6º anos
5º e 6º anos
Tempo estimado
Três
aulas de 1 hora
Material necessário
Textos,
quadro e mapas em anexo
Desenvolvimento das atividades
Primeira
e segunda aulas Para
compreender alguns elementos dos fluxos migratórios no Brasil, proponha aos
alunos que examinem inicialmente os mapas que mostram as migrações internas do
país em dois momentos: de 1970 e 1980 e após 1991. Eles poderão verificar
algumas mudanças importantes. No primeiro período, sobressaem os fluxos de
longa distância, especialmente os de nordestinos em direção a metrópoles do
Sudeste, do campo para a cidade, com destaque para São Paulo, e também de
sulistas em direção as fronteira econômicas do Centro-Oeste e sul da Amazônia -
motivados, no primeiro caso, pela expulsão de pequenos agricultores de suas
terras ou pela busca de empregos formais em grandes cidades e, no segundo caso,
pelos projetos de colonização e ocupação das áreas de fronteiras econômicas. No
segundo período, os fluxos são multidirecionais e de curta distância, muitas
vezes envolvendo estados de uma mesma região. O segundo mapa denota também as
migrações de retorno no sentido Sudeste-Nordeste.
A partir
dessas informações, proponha que os estudantes investiguem os percursos e
deslocamentos realizados por país, avós e outros familiares. Converse
informalmente com a turma sobre as origens de cada um e as histórias de
deslocamentos de suas famílias. Para mobilizá-los, você pode promover a audição
de canções brasileiras, como Lamento Sertanejo (Gilberto Gil & Dominguinhos),
ou a observação do quadro Retirantes, de Candido Portinari. Em seguida, é
importante que eles conversem com os familiares e procurem conhecer melhor os
movimentos realizados por essas pessoas, lugares de origem e destino e causas
para o deslocamento. Para os alunos cujas famílias estão assentadas no mesmo
lugar há pelo menos três gerações, pode-se partir para recolher dados de
familiares de amigos, vizinhos ou membros da comunidade.
Terceira aula Proponha uma organização
dos dados levantados pelos alunos em um gráfico de barras (linhas ou colunas)
que destaque os lugares de origem e destino do universo de pessoas pesquisadas.
Em papel quadriculado, serão registrados os resultados (nº de alunos X Estado
de origem). Adote o padrão "cada quadrícula, uma pessoa". Organize a
anotação do número de alunos originários de cada Estado - que formarão as
colunas ou linhas do gráfico.
Veja o
exemplo a seguir:
...
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7
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6
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5
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4
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3
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2
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1
|
Estado AC
AL AM AP BA CE ........... de origem
Faça uma
discussão coletiva sobre os resultados obtidos. Junto com os alunos, assinale
os Estados e regiões com maior número de migrantes. Discuta as causas mais
frequentes dos deslocamentos e as dificuldades ou oportunidades encontradas no
lugar de destino (trabalho, moradia, relações sociais etc). É importante também
discutir e estabelecer relações entre os movimentos migratórios e os processos
de urbanização ocorridos no país. Em seguida, elabore no quadro-de-giz uma
síntese com as principais conclusões. Peça a todos que registrem os resultados.
Avaliação
Promova uma avaliação coletiva dos resultados do trabalho e verifique as aprendizagens ocorridas de acordo com os objetivos estabelecidos inicialmente. Registre as observações feitas sobre a participação de cada um nos momentos de trabalho individual e coletivo. Considere também a qualidade e correção dos produtos finais apresentados e leve em conta eventuais desdobramentos da proposta de trabalho, como estudos sobre migrações de retorno, emigração de brasileiros ou adaptação de migrantes do campo nas grandes cidades.
Promova uma avaliação coletiva dos resultados do trabalho e verifique as aprendizagens ocorridas de acordo com os objetivos estabelecidos inicialmente. Registre as observações feitas sobre a participação de cada um nos momentos de trabalho individual e coletivo. Considere também a qualidade e correção dos produtos finais apresentados e leve em conta eventuais desdobramentos da proposta de trabalho, como estudos sobre migrações de retorno, emigração de brasileiros ou adaptação de migrantes do campo nas grandes cidades.
Anexos
Mapa - Migrações internas - Brasil
Fonte: THERY, Hervé;
MELLO, Neli A. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território. São
Paulo: Edusp, 2005, p. 102.
Elementos da dinâmica demográfica
Para entender
internamente a dinâmica demográfica é preciso encontrar seus componentes
principais, que melhor assinalam as mudanças no comportamento geral da
população. São três os mais importantes: 1. Natalidade, 2. Mortalidade e 3.
Movimentos migratórios.
Natalidade
É a relação entre o número de nascidos vivos num determinado período e o total da população residente em um local. Esse valor é calculado para cada 1.000 pessoas e denomina-se coeficiente geral de natalidade ou taxa bruta de natalidade. É fundamental para os estudos da natalidade analisar os índices de fertilidade ou fecundidade. Estes são os níveis efetivos de reprodução da população, calculados para cada grupo de 1000 mulheres com idades entre 15 e 50 anos, considerado como o intervalo fértil. Resulta de duas variáveis: 1. O potencial que a mulher tem para conceber; 2. A exposição à possibilidade de conceber, que pode ser interrompida temporariamente por causas como gravidez, parto, aborto e lactação. As taxas de fecundidade, portanto, são o melhor indicativo sobre o que ocorre no campo da natalidade.
É a relação entre o número de nascidos vivos num determinado período e o total da população residente em um local. Esse valor é calculado para cada 1.000 pessoas e denomina-se coeficiente geral de natalidade ou taxa bruta de natalidade. É fundamental para os estudos da natalidade analisar os índices de fertilidade ou fecundidade. Estes são os níveis efetivos de reprodução da população, calculados para cada grupo de 1000 mulheres com idades entre 15 e 50 anos, considerado como o intervalo fértil. Resulta de duas variáveis: 1. O potencial que a mulher tem para conceber; 2. A exposição à possibilidade de conceber, que pode ser interrompida temporariamente por causas como gravidez, parto, aborto e lactação. As taxas de fecundidade, portanto, são o melhor indicativo sobre o que ocorre no campo da natalidade.
Mortalidade
A taxa bruta (ou coeficiente) de mortalidade é obtida dividindo-se o número total de óbitos de uma região por toda a população residente. Por ser a taxa bruta pouco esclarecedora, costuma-se utilizar coeficientes específicos de mortalidade por sexo ou por idade. São calculados tomando-se o número de óbitos numa categoria de sexo ou idade, ao longo de um ano, dividido pela população dessa categoria residente na área no meio do ano e multiplicando-se o resultado por 1000. A mortalidade infantil tem dois coeficientes: o de mortalidade neonatal - sobre nascimentos ocorridos até 28 semanas de gestação - e o de mortalidade infantil tardia - sobre crianças nascidas com mais de 28 semanas de gestação e óbitos ocorridos até um ano de idade. O primeiro índice relaciona-se com fatores genéticos, congênitos e causas relativas ao parto e pós-parto, enquanto o segundo sofre maiores interferências de aspectos como saneamento básico, controle e prevenção de doenças e alimentação.
A taxa bruta (ou coeficiente) de mortalidade é obtida dividindo-se o número total de óbitos de uma região por toda a população residente. Por ser a taxa bruta pouco esclarecedora, costuma-se utilizar coeficientes específicos de mortalidade por sexo ou por idade. São calculados tomando-se o número de óbitos numa categoria de sexo ou idade, ao longo de um ano, dividido pela população dessa categoria residente na área no meio do ano e multiplicando-se o resultado por 1000. A mortalidade infantil tem dois coeficientes: o de mortalidade neonatal - sobre nascimentos ocorridos até 28 semanas de gestação - e o de mortalidade infantil tardia - sobre crianças nascidas com mais de 28 semanas de gestação e óbitos ocorridos até um ano de idade. O primeiro índice relaciona-se com fatores genéticos, congênitos e causas relativas ao parto e pós-parto, enquanto o segundo sofre maiores interferências de aspectos como saneamento básico, controle e prevenção de doenças e alimentação.
Migrações
A migração pode ser medida
diretamente, por meio de registro de entrada e saída de pessoas em um
determinado local e período. Também pode ser medida indiretamente, por meio de
dados censitários e registros civis. São considerados imigrantes as pessoas que
estão chegando para se estabelecer numa nova cidade, região ou país. Por
exemplo, são imigrantes os recém-chegados na cidade vindos do campo. Por sua
vez os emigrantes são as pessoas que estão deixando seu domicílio para
dirigir-se a outras cidades, países ou qualquer outro tipo de divisão regional.
Habituou-se a separar-se os processos migratórios em externos (entre países) e
internos (no interior de um país). As pessoas que se enquadram nesse último
tipo são também designadas genericamente como migrantes.
Fonte: OLIVA, Jaime T. e
GIANSANTI, Roberto. Espaço e modernidade: temas da geografia do Brasil. São
Paulo: Atual, 1999, p. 302-303.
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